Inaugurou na semana finda, na Fundação de Serralves no Porto e na Fundação Carmona e Costa em Lisboa, a "dupla" retrospectiva dedicada à vastíssima obra em desenho de Jorge Martins. Para ver obrigatoriamente, não porque não vos vá parecer "old stuff" (provavelmente vai, o que é normal, já que o artista não tem a vossa idade...) mas porque é uma lição para todos os que imaginam que desenham o suficiente ou que têm uma relação mão-olho suficientemente treinada e podem "conceber" desenhando. O desenho está na cabeça apenas na medida em que a mão - por não saber evitar as mais triviais armadilhas - não vier trair a cabeça. Faço notar que os primeiros desenhos datam de fins dos anos 50 e que já aí o (muito jovem) artista demonstrava no desenho uma imaginação formal que excedia todo o seu virtuosismo (que acaba por ser falso). A montagem da exposição de Lisboa (a única que vi até ao momento) é, tal como o Comissariado, de Manuel Costa Cabral e consegue manter ao longo de todo o percurso a indispensável fluidez na repetição/variação, sem a qual não se compreende este desenho. (MCC)
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